Você já parou para pensar por que algumas de suas relações parecem seguir um roteiro familiar, repetindo padrões de intimidade, conflito ou distância? Ou por que você se sente atraído por certos tipos de pessoas, mesmo que a dinâmica não seja a mais saudável? A resposta para essas perguntas pode estar escondida em um conceito fascinante e profundamente impactante: os estilos de apego. Eles são, em essência, o mapa invisível que guia a forma como nos conectamos com os outros, influenciando desde a escolha de um parceiro até a maneira como lidamos com a vulnerabilidade e o conflito.
Imagine que, desde os primeiros momentos da sua vida, você começou a construir um “manual de instruções” interno sobre como o amor e a segurança funcionam. Esse manual foi escrito com base nas suas experiências com as figuras de cuidado primárias – geralmente seus pais ou responsáveis. Ele ditou se o mundo era um lugar seguro para expressar suas necessidades, se as pessoas estariam lá para você quando precisasse, ou se você deveria aprender a se virar sozinho. Esse manual, meu amigo, é o seu estilo de apego em ação. E a boa notícia é que, embora ele tenha sido escrito na infância, você tem o poder de revisá-lo e reescrevê-lo na vida adulta.
Neste artigo, vamos mergulhar fundo no universo dos estilos de apego. Vamos explorar suas origens, desvendar os quatro tipos principais que moldam nossas interações e, o mais importante, descobrir como você pode usar esse conhecimento para construir relações mais autênticas, seguras e satisfatórias. Prepare-se para uma jornada de autoconhecimento que pode transformar a maneira como você vê a si mesmo e aos outros.
O Que São Estilos de Apego e Por Que Eles São Tão Importantes?
Para entender os estilos de apego, precisamos voltar um pouco no tempo, até as décadas de 1950 e 1960, quando o psicanalista britânico John Bowlby desenvolveu a Teoria do Apego. Bowlby observou que bebês e crianças pequenas demonstravam uma necessidade inata de formar laços emocionais fortes com seus cuidadores. Ele argumentou que essa busca por proximidade e segurança não era apenas sobre alimentação ou proteção física, mas uma necessidade psicológica fundamental para a sobrevivência e o desenvolvimento saudável.
A teoria de Bowlby foi expandida e testada pela psicóloga Mary Ainsworth, que criou o famoso experimento da “Situação Estranha”. Nele, ela observava como bebês reagiam à separação e ao reencontro com suas mães em um ambiente desconhecido. As reações dos bebês revelaram padrões consistentes de comportamento que Ainsworth categorizou em diferentes estilos de apego: seguro, ansioso e evitativo. Mais tarde, um quarto estilo, o desorganizado, foi adicionado por outros pesquisadores.
Mas por que essa teoria da infância é tão relevante para nós, adultos? Porque esses padrões de apego que se formam na infância não desaparecem magicamente. Eles se tornam os “modelos de trabalho internos” que carregamos conosco, influenciando nossas expectativas, crenças e comportamentos em todas as relações significativas ao longo da vida. Pense neles como um filtro através do qual você percebe e interage com o mundo relacional. Se o seu filtro foi calibrado para a segurança e a confiança, suas relações tenderão a ser mais estáveis. Se ele foi ajustado para a ansiedade ou a evitação, você provavelmente enfrentará desafios específicos.
Compreender seu próprio estilo de apego e o dos outros é como ganhar um superpoder. Você começa a decifrar os mistérios por trás de certas reações, a prever padrões e, o mais importante, a intervir neles. Não se trata de rotular pessoas, mas de entender as dinâmicas subjacentes que impulsionam o comportamento relacional. É uma ferramenta poderosa para a autocompaixão e para a construção de conexões mais profundas e significativas.
Os Quatro Pilares do Apego Adulto: Desvendando Cada Estilo
Embora a pesquisa original tenha focado em crianças, os estilos de apego se manifestam de maneiras distintas e complexas na vida adulta. Vamos explorar cada um deles em detalhes, para que você possa começar a identificar qual ressoa mais com a sua experiência.
Apego Seguro: A Base da Confiança e da Intimidade
Se você tem um apego seguro, parabéns! Você faz parte de um grupo que, estatisticamente, tende a ter as relações mais satisfatórias e duradouras. Pessoas com apego seguro geralmente tiveram cuidadores que foram consistentemente responsivos às suas necessidades na infância. Isso as ensinou que o mundo é um lugar seguro, que elas são dignas de amor e que podem confiar nos outros.
Características de um indivíduo com apego seguro:
- Conforto com a intimidade: Você se sente à vontade para se aproximar emocionalmente dos outros e para permitir que os outros se aproximem de você. A vulnerabilidade não é uma ameaça, mas uma ponte.
- Independência saudável: Embora valorize a conexão, você também se sente confortável em sua própria companhia e tem seus próprios interesses e hobbies. Você não depende do outro para sua felicidade.
- Comunicação eficaz: Você expressa suas necessidades e sentimentos de forma clara e direta, sem jogos ou manipulações. Você também é um bom ouvinte.
- Resolução de conflitos construtiva: Você vê os conflitos como oportunidades para crescimento e não como ameaças ao relacionamento. Você consegue negociar e encontrar soluções.
- Alta autoestima: Você tem uma visão positiva de si mesmo e dos outros, o que permite que você se sinta seguro em suas relações.
- Capacidade de oferecer e receber apoio: Você está presente para seus parceiros e amigos nos momentos difíceis e também se sente confortável em pedir ajuda quando precisa.
Em um relacionamento, o indivíduo seguro é o porto seguro. Ele oferece estabilidade, confiança e um espaço para o crescimento mútuo. É como ter uma âncora que permite que o barco explore o oceano, sabendo que sempre pode retornar a um lugar seguro.
Apego Ansioso-Preocupado: A Busca Incessante por Validação
O apego ansioso-preocupado (também conhecido como ansioso-ambivalente) geralmente se desenvolve em pessoas que tiveram cuidadores inconsistentes em sua infância. Às vezes, os cuidadores estavam presentes e responsivos; outras vezes, estavam distantes ou intrusivos. Essa imprevisibilidade ensinou à criança que, para obter amor e atenção, ela precisava se esforçar muito, talvez até se tornar “grudenta” ou dramática. Na vida adulta, essa pessoa vive com um medo constante de abandono e uma necessidade insaciável de validação.
Características de um indivíduo com apego ansioso-preocupado:
- Medo de abandono: Você tem um pavor profundo de ser deixado ou rejeitado, o que pode levar a comportamentos de busca de atenção ou ciúmes excessivos.
- Necessidade de validação constante: Você busca incessantemente a aprovação e o carinho do parceiro para se sentir seguro e amado.
- “Grudamento” e dependência: Você pode se tornar excessivamente dependente do parceiro, perdendo sua própria identidade ou interesses.
- Sensibilidade à rejeição: Pequenos sinais de distância ou desinteresse podem ser interpretados como grandes ameaças, levando a reações exageradas.
- Dificuldade em confiar plenamente: Apesar de querer intimidade, você pode ter dificuldade em confiar que o amor do parceiro é incondicional.
- Pensamentos obsessivos sobre o relacionamento: Você gasta muito tempo analisando o relacionamento, buscando sinais de problemas ou de amor.
Em um relacionamento, o ansioso-preocupado pode criar uma dinâmica de “perseguição e fuga”. Ele persegue a intimidade e a segurança, enquanto o parceiro, muitas vezes, pode se sentir sufocado e se afastar, reforçando o medo original de abandono. É como tentar segurar areia na mão: quanto mais forte você aperta, mais ela escorre pelos dedos.
Apego Esquivo-Desapegado: A Fortaleza da Independência
O apego esquivo-desapegado (ou evitativo-desapegado) surge de experiências de infância onde os cuidadores foram consistentemente distantes, rejeitadores ou intrusivos. A criança aprendeu que suas necessidades emocionais não seriam atendidas e que era melhor se tornar autossuficiente e não depender de ninguém. Na vida adulta, essa pessoa valoriza a independência acima de tudo e tem grande dificuldade com a intimidade emocional.
Características de um indivíduo com apego esquivo-desapegado:
- Desconforto com a intimidade: Você se sente sufocado ou desconfortável quando as relações se tornam muito íntimas ou exigem muita vulnerabilidade.
- Forte necessidade de independência: Você prioriza sua autonomia e espaço pessoal, muitas vezes à custa da conexão emocional.
- Dificuldade em expressar emoções: Você tende a reprimir seus sentimentos, tanto os positivos quanto os negativos, e pode parecer frio ou distante.
- Distanciamento em momentos de estresse: Em vez de buscar apoio, você tende a se afastar e lidar com os problemas sozinho.
- Desvalorização do parceiro ou do relacionamento: Para manter a distância, você pode encontrar falhas no parceiro ou minimizar a importância do relacionamento.
- Foco em atividades individuais: Você prefere passar tempo sozinho ou em atividades que não exijam muita interação emocional profunda.
O esquivo-desapegado é como um castelo com muros altos. Por dentro, pode haver um desejo de conexão, mas o medo de ser ferido ou sobrecarregado é tão grande que ele mantém todos à distância. Essa dinâmica pode ser frustrante para parceiros que buscam mais intimidade, levando a um ciclo de perseguição (do ansioso) e fuga (do evitativo).
Apego Desorganizado-Temeroso: O Paradoxo do Medo e do Desejo
O apego desorganizado-temeroso (ou ansioso-evitativo) é o estilo mais complexo e, muitas vezes, o mais desafiador. Ele geralmente se desenvolve em crianças que experimentaram trauma, abuso ou cuidadores que eram, ao mesmo tempo, a fonte de conforto e de medo. A criança não consegue formar uma estratégia coerente para obter segurança, pois a figura de apego é imprevisível e assustadora. Na vida adulta, essa pessoa vive um paradoxo: deseja intimidade, mas teme a proximidade.
Características de um indivíduo com apego desorganizado-temeroso:
- Comportamento imprevisível: Você pode alternar entre a busca intensa por intimidade e o afastamento abrupto, confundindo o parceiro.
- Medo e desejo de intimidade: Você anseia por conexão, mas se sente aterrorizado quando ela se torna real, resultando em um ciclo de “aproximação e fuga”.
- Dificuldade em confiar: Você tem problemas profundos de confiança, tanto em si mesmo quanto nos outros, muitas vezes esperando o pior.
- Baixa autoestima e autocrítica: Você pode ter uma visão muito negativa de si mesmo, sentindo-se indigno de amor ou constantemente em falta.
- Reações emocionais intensas: Você pode ter explosões de raiva, ansiedade ou tristeza, que são difíceis de controlar.
- Histórico de relacionamentos caóticos: Seus relacionamentos tendem a ser instáveis, cheios de drama e com padrões repetitivos de término e reconciliação.
O desorganizado-temeroso é como uma montanha-russa emocional. Ele atrai e repele, ama e odeia, tudo ao mesmo tempo. Essa dinâmica é exaustiva para ambos os lados e frequentemente requer apoio profissional para ser navegada de forma saudável. É crucial entender que esses comportamentos são mecanismos de defesa aprendidos em um ambiente de ameaça, não falhas de caráter.
Como Nossos Estilos de Apego se Formam? A Raiz da Questão
A formação dos nossos estilos de apego é um processo complexo, mas a base está nas interações que tivemos com nossos cuidadores primários durante a infância. Não se trata de culpar os pais, mas de entender como a dinâmica familiar inicial moldou nossas expectativas e modelos internos de relacionamento.
Pense na criança como um pequeno cientista, observando e coletando dados sobre o mundo. Se o cuidador é consistentemente responsivo, amoroso e presente, a criança aprende que suas necessidades serão atendidas e que o mundo é um lugar seguro. Isso forma a base para um apego seguro. Ela internaliza a crença de que é digna de amor e que pode confiar nos outros.
Por outro lado, se o cuidador é inconsistente – às vezes presente, às vezes distante ou intrusivo – a criança aprende que precisa se esforçar muito para conseguir atenção ou que o amor é imprevisível. Essa incerteza gera ansiedade e a necessidade de estar sempre “ligada” para não perder a conexão, levando ao apego ansioso-preocupado. É como viver em um estado de alerta constante, sempre esperando a próxima onda de carinho ou de abandono.
Quando os cuidadores são consistentemente distantes, rejeitadores ou até mesmo punitivos quando a criança expressa suas necessidades, a criança aprende a reprimir suas emoções e a se tornar autossuficiente. Ela conclui que é melhor não depender de ninguém para evitar a dor da rejeição. Isso pavimenta o caminho para o apego esquivo-desapegado. A mensagem internalizada é: “Não preciso de ninguém, e ninguém precisa de mim.”
E no caso do apego desorganizado-temeroso, a situação é ainda mais dolorosa. Geralmente, ocorre em ambientes onde a figura de apego é, ao mesmo tempo, a fonte de conforto e de medo – por exemplo, um pai que é amoroso em um momento e abusivo no outro. A criança fica em um dilema insolúvel: ela precisa se aproximar para obter segurança, mas a proximidade é perigosa. Isso cria uma confusão interna profunda e uma incapacidade de formar uma estratégia coerente de apego.
Essas experiências iniciais não são apenas memórias; elas se tornam parte da nossa estrutura neural, influenciando como nosso cérebro processa informações sociais e emocionais. Elas criam “modelos de trabalho internos” – esquemas mentais que nos dizem como os relacionamentos funcionam, como as pessoas se comportam e qual é o nosso valor nesses contextos. E é por isso que, mesmo na vida adulta, tendemos a repetir padrões, muitas vezes inconscientemente, que ecoam nossas primeiras experiências.
O Impacto dos Estilos de Apego nas Relações Adultas: O Espelho da Infância
A beleza (e o desafio) de entender os estilos de apego é que eles não ficam confinados à nossa infância. Eles se manifestam de forma poderosa em todas as nossas relações adultas, especialmente nas românticas. Já notou como você e seu parceiro parecem dançar uma coreografia invisível, onde cada passo de um provoca uma reação no outro? Essa dança é, muitas vezes, orquestrada pelos seus estilos de apego.
Nas Relações Românticas: A Dança do Amor e do Medo
- Escolha de Parceiros: Pessoas com apego ansioso-preocupado podem se sentir atraídas por parceiros esquivos-desapegados, criando a famosa “dança ansioso-evitativa”. O ansioso busca a proximidade, o evitativo se afasta, e esse ciclo reforça as crenças centrais de ambos. O ansioso pensa: “Eu não sou amável o suficiente”, e o evitativo: “A intimidade é sufocante”.
- Conflito e Comunicação: Um seguro aborda o conflito de forma construtiva. Um ansioso pode se tornar acusador ou dramático para chamar a atenção. Um evitativo pode se fechar, dar o “tratamento do silêncio” ou fugir da discussão. Um desorganizado pode oscilar entre a raiva e o desespero.
- Intimidade e Vulnerabilidade: O seguro se entrega à intimidade. O ansioso anseia por ela, mas pode sabotá-la com sua insegurança. O evitativo a evita a todo custo, mantendo uma barreira. O desorganizado a busca e a repele simultaneamente.
Nas Amizades e Relações Familiares: Além do Romance
Não são apenas os relacionamentos românticos que são afetados. Nossas amizades também refletem nossos estilos de apego. Um amigo ansioso pode exigir mais atenção e se sentir facilmente negligenciado. Um amigo evitativo pode ser difícil de se conectar em um nível profundo, sempre mantendo uma certa distância. Um amigo seguro será um pilar de apoio e confiança.
Nas relações familiares, especialmente com nossos pais e irmãos, os padrões de apego podem ser ainda mais enraizados, pois são as relações que nos ajudaram a formar esses estilos em primeiro lugar. Entender essas dinâmicas pode trazer clareza e compaixão para interações familiares complexas.
No Ambiente Profissional: O Apego no Trabalho
Sim, até no trabalho os estilos de apego podem aparecer! Um indivíduo ansioso pode buscar constante validação do chefe ou colegas, ou ter medo de cometer erros. Um evitativo pode preferir trabalhar sozinho, evitar reuniões sociais ou ter dificuldade em delegar tarefas. Um seguro será um colega de equipe confiável, um líder eficaz e um comunicador claro. Reconhecer esses padrões pode melhorar a dinâmica da equipe e a produtividade.
O impacto é vasto porque os estilos de apego são, no fundo, sobre como regulamos nossas emoções e como buscamos (ou evitamos) a segurança e a conexão. Eles são a lente através da qual vemos o mundo relacional, e essa lente molda nossa realidade.
É Possível Mudar o Seu Estilo de Apego? A Esperança da “Segurança Adquirida”
Esta é uma das perguntas mais importantes e esperançosas sobre os estilos de apego: eles são fixos para sempre? A resposta é um retumbante NÃO! Embora nossos estilos de apego sejam profundamente enraizados e formados em experiências precoces, eles não são uma sentença de prisão perpétua. Você pode, sim, desenvolver um apego mais seguro, um conceito conhecido como “segurança adquirida” ou “segurança conquistada”.
Pense no seu estilo de apego como um caminho neural que foi trilhado repetidamente. Quanto mais você o usa, mais profunda a trilha se torna. Mas o cérebro humano é incrivelmente maleável – um fenômeno chamado neuroplasticidade. Com esforço consciente e novas experiências, você pode começar a trilhar novos caminhos, construindo novas conexões neurais que levam a um apego mais seguro.
A segurança adquirida não significa que você apaga seu passado ou que nunca mais sentirá um pingo de ansiedade ou evitação. Significa que você desenvolve a capacidade de reconhecer esses padrões, de gerenciá-los de forma mais eficaz e de escolher respostas mais saudáveis. Você se torna o arquiteto da sua própria segurança emocional, em vez de ser refém de padrões antigos.
Como isso acontece?
- Autoconsciência: O primeiro passo é sempre o reconhecimento. Entender seu próprio estilo de apego e como ele se manifesta é fundamental.
- Experiências Corretivas: Ter relacionamentos com pessoas que exibem um apego seguro pode ser incrivelmente curativo. Elas oferecem um modelo diferente de interação e ajudam a reescrever seus modelos de trabalho internos.
- Reflexão e Reinterpretação: Olhar para suas experiências passadas com uma nova lente, entendendo como elas moldaram seu apego, pode ajudar a desarmar o poder que elas têm sobre você.
- Terapia: A terapia, especialmente a terapia focada no apego ou a terapia cognitivo-comportamental, pode ser um espaço seguro e guiado para explorar seus padrões, processar traumas e desenvolver novas habilidades de relacionamento.
O caminho para a segurança adquirida é uma jornada, não um destino. Haverá altos e baixos, mas cada passo em direção ao autoconhecimento e à mudança é uma vitória. Você está investindo na sua capacidade de amar e ser amado de uma forma mais plena e autêntica.
Caminhos para um Apego Mais Seguro: Construindo Conexões Autênticas
Se você se identificou com um estilo de apego que não é o seguro, não se desespere. O conhecimento é poder, e agora que você entende as raízes dos seus padrões, pode começar a cultivar um apego mais seguro. Lembre-se, isso é um processo contínuo de autodescoberta e crescimento. Aqui estão algumas estratégias práticas para trilhar esse caminho:
1. Autoconhecimento Profundo: O Espelho da Alma
Comece por observar-se. Quais são seus padrões em relacionamentos? Como você reage ao estresse, à intimidade, ao conflito? Quais são seus medos mais profundos em relação ao amor e à conexão? Escrever um diário, meditar ou simplesmente dedicar um tempo para a auto-reflexão pode ser incrivelmente útil. Pergunte-se: “Por que eu reagi dessa forma?”, “O que eu realmente preciso neste momento?”, “Qual é o medo por trás dessa ação?”.
2. Comunicação Consciente: A Ponte para a Conexão
Seja claro e direto sobre suas necessidades e sentimentos. Se você é ansioso, pratique expressar suas inseguranças de forma calma, em vez de exigir validação. Se é evitativo, esforce-se para compartilhar mais sobre seu mundo interior e suas emoções, mesmo que seja desconfortável. A comunicação é a chave para a intimidade e para resolver mal-entendidos. Use “eu” em vez de “você” para evitar acusações (ex: “Eu me sinto sozinho” em vez de “Você nunca está presente”).
3. Estabelecer Limites Saudáveis: O Respeito Mútuo
Limites são essenciais para todos os estilos de apego. Para o ansioso, aprender a dizer “não” e a ter seu próprio espaço é vital para evitar a dependência. Para o evitativo, aprender a permitir que os outros se aproximem sem se sentir invadido é crucial. Limites claros criam segurança e respeito mútuo, permitindo que a intimidade floresça sem sufocar a individualidade.
4. Buscar Ajuda Profissional: O Guia na Jornada
A terapia, seja individual ou de casal, pode ser um divisor de águas. Um terapeuta pode ajudá-lo a identificar padrões, processar traumas passados que contribuem para seu estilo de apego e desenvolver estratégias saudáveis de enfrentamento. A terapia focada no apego, em particular, é projetada para ajudar a reestruturar seus modelos de trabalho internos e a construir uma base de segurança.
5. Escolher Parceiros Seguros: O Poder do Exemplo
Se possível, procure se relacionar com pessoas que demonstram um apego seguro. Elas podem ser um modelo de como é uma relação saudável e responsiva. A interação com um parceiro seguro pode ser uma “experiência corretiva”, ajudando a reescrever suas expectativas sobre o amor e a confiança. Eles oferecem um espaço seguro para você praticar novas formas de se relacionar.
6. Praticar a Autocompaixão: O Amor Próprio
Lembre-se de que seu estilo de apego não é uma falha de caráter, mas uma estratégia de sobrevivência que você aprendeu. Seja gentil consigo mesmo durante esse processo. Haverá dias em que você cairá em velhos padrões, e tudo bem. O importante é reconhecer, aprender e continuar tentando. A autocompaixão é o alicerce para qualquer mudança duradoura.
Ao implementar essas estratégias, você não está apenas mudando seu estilo de apego; você está transformando a qualidade de suas relações e, em última instância, a qualidade da sua vida. Você está se capacitando para criar conexões que são verdadeiramente nutritivas, autênticas e cheias de amor.
Conclusão: O Poder de Reconstruir Suas Conexões
Chegamos ao fim da nossa jornada pelos estilos de apego, e esperamos que você saia daqui com uma compreensão mais profunda de si mesmo e das complexas danças que acontecem em suas relações. Entender os estilos de apego não é apenas uma curiosidade psicológica; é uma ferramenta poderosa para o autoconhecimento e para a construção de uma vida relacional mais rica e satisfatória. Você viu como as experiências da infância moldam nossos modelos internos, mas também descobriu que esses modelos não são imutáveis.
Lembre-se: seu estilo de apego é um mapa, não um destino final. Você tem o poder de reescrever esse mapa, de traçar novas rotas e de construir pontes onde antes havia muros. Ao cultivar a autoconsciência, praticar a comunicação autêntica, estabelecer limites saudáveis e, se necessário, buscar apoio profissional, você está investindo na sua capacidade de amar e ser amado de uma forma mais plena e segura. Que este conhecimento o inspire a buscar conexões mais profundas, a curar feridas antigas e a construir um futuro onde suas relações sejam um verdadeiro refúgio de segurança e alegria. Afinal, todos nós merecemos o amor que nos faz sentir verdadeiramente em casa.
Perguntas Frequentes
Meu estilo de apego é fixo para sempre?
Não, de forma alguma! Embora os estilos de apego sejam formados na infância e sejam bastante estáveis, eles não são imutáveis. Com autoconsciência, novas experiências de relacionamento (especialmente com parceiros seguros) e, muitas vezes, com o apoio da terapia, é totalmente possível desenvolver um apego mais seguro. Esse processo é conhecido como “segurança adquirida” ou “segurança conquistada”.
Como posso descobrir qual é o meu estilo de apego?
A melhor forma é através da auto-observação e reflexão sobre seus padrões em relacionamentos passados e presentes. Pergunte-se como você lida com a intimidade, o conflito, a distância e a necessidade de validação. Existem também questionários online (não profissionais) que podem dar uma indicação, mas a compreensão mais profunda vem da introspecção ou da conversa com um terapeuta.
É possível ter características de mais de um estilo de apego?
Sim, é bastante comum ter traços de mais de um estilo, embora um deles geralmente seja dominante. Por exemplo, alguém pode ter um apego predominantemente ansioso, mas em certas situações de estresse, pode exibir comportamentos evitativos. O estilo desorganizado, por definição, é uma mistura de ansiedade e evitação.
Como lidar com um parceiro que tem um estilo de apego diferente do meu?
A chave é a compreensão e a comunicação. Primeiro, tente entender o estilo de apego do seu parceiro e como ele se manifesta. Isso ajuda a despersonalizar certos comportamentos. Em seguida, pratique a comunicação aberta e honesta sobre suas necessidades e medos, e incentive seu parceiro a fazer o mesmo. A terapia de casal também pode ser extremamente útil para navegar essas dinâmicas e construir um terreno comum de segurança.
A terapia realmente pode ajudar a mudar meu estilo de apego?
Absolutamente! A terapia, especialmente abordagens como a Terapia Focada nas Emoções (EFT) ou a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), pode ser muito eficaz. Um terapeuta pode fornecer um ambiente seguro para você explorar as origens do seu estilo de apego, processar experiências passadas e desenvolver novas habilidades e modelos de trabalho internos para construir relações mais saudáveis e seguras.

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